No dia 08 vai fazer um ano que estou morando em Moçambique. Um ano de grandes aprendizados e desafios ainda maiores. Decisões que reoritaram minha vida e que vão me mudar pra sempre. Porque tem coisas que a gente muda e não há como voltar atrás.
Passei uma grande parte deste período em "compasso de espera". Embora tenha decidido várias vezes não viver no provisório, em termos práticos, foi isso que eu fiz durante este um ano. Neste ano, já estou morando no quarto lugar e vou me mudar pro quinto em uma semana. Já usei três carros diferentes, já me apaixonei e quebrei a cara uma vez, já fiz amigos que eu gostaria de levar pra sempre, mas que minha experiência diz que são provisórios também.
Descobri coisas sobre mim que eu nem desconfiava. Confirmei outras sobre as quais eu tinha algumas idéias. O caminho para o autoconhecimento vai bem, obrigado. Tem os buracos e pedregulhos que eu imaginava, mas, pasme: eu tenho o veículo certo para trilhá-lo. Andar milhares de quilômetros nessas condições precárias pra descobrir que preciso mesmo me amar e me respeitar, com todas as minhas limitações, que, junto com minhas maiores virtudes, me definem. E a tal da mudança de atitude, que faz parte da caminhada... que é também o que mais cansa, o que mais me dificulta o seguir em frente.
Passei a maior parte deste tempo esperando voltar pra casa, contando dias e meses. Mesmo sabendo que isso não me faz bem e não é nada saudável. A saudade virou uma presença. É como se morássemos juntas: "quer um chá, Saudade? Saudade, vou ver um filme... Boa noite, Saudade."
Fiz planos malucos. Sei bem o que quero, mas continuo sem muita certeza se isso vai mesmo me fazer feliz. Me esforçando todos os dias para exercitar o desapego e ter fé em Deus, que sempre sabe o que é melhor pra mim. [Será que estamos aqui pra ser felizes? Não tenho muita certeza, mas acho que talvez o plano seja outro.]
E pra completar toda essa loucura, tenho sentido aquela falta de coisas que ainda não vi e nem fiz. Pensando em Deus, no futuro, no amor, nos filhos que quero ter, numa vontade louca de escolher um lugar no mundo para ser meu.
Tenho me sentido só, mas, de certa forma, tenho optado por estar só. Estranho e real. Terapia ia me ajudar, eu acho.
No fim das contas, tenho muita fé de que o que é melhor pra mim está no meu caminho. Isso deveria ser suficiente pra me manter firme. Eu preciso mesmo me respeitar mais e me dar mais tempo e espaço. Cobrar menos de mim. Eu tenho direito de não ter todas as respostas, já que ninguém as tem.
A poesia das causas siderais perdidas
Há 2 meses
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