Contabilidade geral

14 outubro, 2007

Sobre música

Já passei por várias fases de gostos musicais. Várias mesmo. Na infância, por causa das minhas irmã mais velhas, eu ouvia muito Sá e Guarabira. “Pirão de Peixe com Pimenta” ainda é um dos meus discos favoritos até hoje. Ouvia muito Clube da Esquina, Sagrado Coração da Terra, Beto Guedes, 14 Bis, tudo o que elas gostavam.

Tive discos do Balão Mágico, do Trem da Alegria e da Xuxa, mas gostava mais das coisas de adulto, a ponto de pedir um disco da novela Vale Tudo no amigo oculto quando tinha 10 anos, com o Cazuza cantando “Brasil” e tudo mais.

A influência das minhas irmãs me acompanhou até por volta dos 14, e foi por causa de uma delas que fiquei fã alucinada da Legião Urbana, Engenheiros do Hawai (eca!) e RPM. Mas ser adolescente na minha época não tinha um terço da graça que tem hoje. Não tinha MP3, download, pirata... Disco e CD custavam caro e eu, obviamente, não tinha grana.

Quando começei a ter algum dinheirinho pra futilidades, por volta dos 17 ou 18, comprei três CD’s: Daniela Mercury (Feijão com arroz), Paralamas do Sucesso (Nove Luas) e Cidade Negra (Sobre todas as forças). Minha mãe me zoou o quanto pode, porque na minha casa não tinha CD player nessa época. Os cd’s ficaram guardados com carinho por alguns meses.

Minha coleção tem um bocado de pop e rock brasileiro. Tive várias paixões musicais, sendo as mais significativas pelo Paralamas do Sucesso, Cidade Negra, Skank e O Rappa. Depois me animei seriamente com o Biquini, Kid Abelha, Capital Inicial, Ira!. Tive umas empolgações que, graças a Deus, não duraram com Raimundos, Charlie Brown Jr, Jota Quest, Pitty.

Os tempos mudaram, comprei outros CD’s e quando tava chegando aos 30 (CDs, não anos), descobri “O grande encontro” e descobri a MPB.

Depois veio a fase da popularização da pirataria. Me indignava comprar CD pirata (é ilegal, sabia?) mas me indignava ainda mais pagar 10 a 12 vezes mais para ter as músicas que eu poderia comprar por 2 reais. Esse impasse me afastou dos CDs por um tempo. E meu gosto musical ficou nessa zona do pop e rock nacional a MPB por um bom tempo.

Isso não me impediu de dançar forró, de curtir um axé na micareta ou de gostar de um ou outro funk melody. Não me impediu de descobrir, aos 26 anos, uma paixonite por música sertaneja daquelas antigas, como “Fio de Cabelo” e “Boate Azul”, revival do tempo em que eu ouvia Rádio Itabira AM (“Não morre não sertão, não morre não”) à 6 da manhã, mais de 15 anos antes, me arrumando pra ir pra escola.

Houve pagodes, axés e funks que me envergonharam de verdade, pelo excesso de baixaria nas letras, pelo abuso de refrões sem sentido, pela pieguice em geral, não necessariamente nessa ordem.

E tinha aqueles sertanejos muito caipiras que quase me matavam de rir quando eu ouvia no rádio, indo pro trabalho: “só num pode acabá com as muié, / nóis num vive sem muié / nois é doido por muié”, “Aí eu pensei, / tá ruim mas tá bão”.

Aí aconteceu o efeito expatriação. Perdi um pouco o fio da meada das novidades e decobri um carinho muito especial pelo samba. E abri minha cabeça pra músicas em inglês, rock, de algumas bandas. Hoje eu tô gravitando entre Alanis Morissette, Morron 5 e Counting Crows. E escuto um Zeca Baleiro ali no meio, pra não enjoar. Zeca Baleiro, aliás, é uma paixão que não passa nunca.

Cheguei um pouco tarde na era dos downloads de MP3 e estou prestes a comprar um I-pod. Que tipo de música eu gosto mais? Não tenho certeza. Acho que rock é meu estilo. Acho que sou capaz de gostar de música “mais ou menos” por pura diversão. E acho que é bacana isso de não precisar de um rótulo só pras nossas preferências. Só achômetro... e você?

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