Contabilidade geral

16 julho, 2007

O e-mail que eu não vou enviar

Amigo,

eu falei sério quando disse aquele lance de casal pelo telefone. Não é brincadeira, como todas as outras que a gente faz.

De repente, depois de todos estes anos de cumplicidade, de apoio, de um ler o pensamento do outro, do assunto nunca acabar, de todos os planos malucos que fizemos juntos, das risadas todas e dos desabafos também, cheguei a algumas conclusões importantes.

1) Sempre convivi com as suas namoradas e seus romances numa boa (vá lá, com aquela pontada de ciúmes), mas não suporto a idéia de te ver se casando com alguém ou mesmo escolhendo alguém de verdade para a sua vida.

2) Vivo procurando aquela paixão fulminate, aquela reviravolta romântica na minha vida, mas você é melhor do que qualquer um que eu possa encontrar. Pra quê eu preciso procurar por outro se houver a mínima chance de ficar com você?

3) Eu te amo. Isso não é novidade nem nada estranho, mas, durante muito tempo eu disse a mim mesma que esse tipo de amor de irmão era o que havia entre nós e criei barreiras que nem pensava em quebrar. Ignorei os sintomas o quanto pude. Evitei de pensar no assunto e deixei os limites sempre muito claros pra você e pra mim.

4) Sei, de verdade, que você pode não se sentir da mesma forma. Sei que pode ser piração da minha cabeça. E pior, sei que, em termos práticos, este é o pior momento pra gente pensar em estar juntos: um oceano de distância é muita coisa.

5) Não quero que você se sinta obrigado a aceitar essa minha sugestão, não quero forçar nenhuma barra, mas, por outro lado, não posso conceber a idéia de deixar as coisas como estão e correr o risco de te perder para sempre. Porque não demora muito e uma menina legal e esperta o suficiente vai perceber o quanto você é bonito, amigo, legal, honesto, inteligente, cheio de valores...

Tá tudo aí, em linhas gerais. A proposta é a seguinte: você quer namorar comigo? Mesmo com toda essa distância, com a perspectiva de três encontros anuais nos próximos dois anos? Você quer, além de ser meu melhor e mais especial amigo, se tornar também meu amor? Vale a pena? Faz sentido pra você?

De resto, se no fim das contas você decidir que eu continuo sendo sua irmã de alma e que isso não deve mudar, não se preocupe: isso é menos do que eu quero, mas já é maravilhoso. E eu posso garantir, porque é assim que tem sido nos últimos doze anos.

Te amo, P. E isso não muda de jeito nenhum.

Beijão. MM.

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