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Onde estão os anjos?
As caixas estão sobre a mesa. De diversos tamanhos e cores, algumas ainda têm o rótulo original, outras foram cuidadosamente encapadas com papel de presente, velhos cartazes, papel pardo.
Pode-se olhar caixa por caixa, nada de relevante está guardado em nenhuma delas. Uma delas, estreita e desbotada, guarda pedaços de lápis de cor. Numa outra, que parece ter sido originalmente uma caixa de sapatos, esconde retratos antigos, manchados, desfocados.
Há algum destino especial para essas caixas? O que será produzido com tal diversidade de tranqueiras? Ninguém sabe ao certo. As pessoas passam, abrem a mais bonita, a mais estranha, a menor de todas... Parece que ninguém quer realmente saber.
Deixe as caixas onde estão e vá procurar as crianças. Conheço quatro ou cinco para quem essa coleçõa de porcarias significaria diversão para tardes inteiras. Lembre-se de estar preparado para arrumar a desordem que essa diversão vai produzir. Mas deixe acontecer.
Melhor: tome parte na brincadeira. Pode ser uma galeria de arte, uma papelaria, uma escolinha, ou qualquer outra coisa que mantenha a oportunidade do trabalho manual. E podem ser coisas que você não ousaria imaginar com sua mente enferrujada. Permita-se surpreender. Cada pedacinho de papel colorido se tornará indiscutivelmente uma flor, um barco, uma nave espacial ou algo mais. Jogue fora apenas o padrão dos seus pontos de vista e aproveite cada uma daquelas fotos, recortes e desenhos.
É o que eu faria. A despeito de tudo o que se possa dizer, uma tarde com as crianças é sempre uma coisa boa, pra quem sabe aproveitar.
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