Contabilidade geral

14 setembro, 2007

Meu sucesso com as forças policiais

Antes do balanço, da preocupação e do pecado duas histórias engraçadas. Tenho uma amiga que costuma dizer que faz sucesso com o proletariado. Descobri recentemente que eu sou o terror dos militares.

Caso 1
A caminho de Chidenguele, início de junho, dirigindo meu carro alugado da época, a 106 Km/h num trecho de limite 60, sem prestar atenção na sinalização. O guarda faz sinal. Era um senhor gordo, por volta dos 50. Me pediu documentos do carro e ‘carta de condução’. A minha carteira de motorista nessa época já tinha passado por um processo de lavagem a quente e estava um farrapo. O guarda perguntou: “isso é carta de condução?”

Bom, fui lá ver a maquininha dedo-duro, paguei a multa de mil meticais, peguei meu recibo, isso tudo sendo simpática com o tio gorducho, porque eu não sou besta de criar problema de nenhum tipo com polícia.

Então o moço achou que eu tava dando bola pra ele, perguntou um monte de coisas, se eu gostava de Moçambique, o que estava fazendo aqui... até chegar ao ponto de dizer que ia me visitar em Maputo e pedir meu telefone. E eu dei. Número errado, porque, embora eu não queira criar problema, também não estava na minha lista de interesses receber um ‘velhote’ na minha casa ‘naquela altura’. Ainda não está, que fique claro.

Mas se eu soubesse que ele ia ficar encantado com meus belos olhos e com esse charme todo que Deus me deu, não teria pago a multa. Ah, não.

Caso 2
O caso 2 foi quase uma cena de refugiado.

Aconteceu naquele fim de semana que eu fui pra Swazilândia. Minhas companheiras de viagem tinham que fazer uma movimentação na fronteira da Swazi com a África do Sul pra entregar tios e malas para outros familiares. Isso significa: sair da Swazilândia – entrar na África do Sul – sair da África do Sul – entrar na Swazilândia. Resumindo: um saco.

Fiquei com preguiça e resolvi esperar do lado de cá. No referido lado de cá, tinha uma ‘bomba’ (posto de gasolina), uma feirinha meia-boca e uns butecos. Fui à ‘casa de banho’ do posto e pensei em ir a um dos botecos tomar um ‘refresco’ (refrigerante). Quando cheguei perto do lugar, achei feio demais e desisti. Fiquei sentada ali na frente, na calçada, esperando as amigas.

O lugar era um horror e bem equivalente ao público frequentador. Cheguei a ficar com medinho, embora fosse um domingo radiante por volta do meio dia.

Eis que aparece o puliça. Esse até que era bonito e jovem. Chegou, puxou assunto, perguntou um monte de coisas, disse que eu parecia ter 21 anos... E eu sendo amável (lembra aquele lance de não criar problema que eu já falei).

No fim das contas, perguntou se eu morava perto da fronteira. “No, it’s too far, 1.500 km.” Pediu o meu telefone e eu dei o número certo (o cara era gatinho e tem só 29). Dei o número com uma convicção séria de que ele nunca vai ligar, mas, se ligar, vou estar há mais de 2.000 Km de distância, portanto, nada que preocupe.

Depois da xavecada toda, ele disse que ia almoçar e gentilmente me mandou vazar daquele ‘sítio’: “You can go to the border post, visit there...” Eu, toda inocente: “Why, it’s not safe here?” Ha, ha, ha... Nem sei bem qual era a causa, mas que me pareceu um momento refugiado, pareceu.

Parecem só dois casos engraçadinhos, mas tenho que confessar que me fizeram pensar num dos meus problemas. Falamos disso depois.

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